6 de dezembro de 2010

Somos tubarões, não somos cisnes


Por ALine Souza
@souzaline
@zetaprobus

O filme Amor sem Escalas - (Up in the Air, 2009 -EUA) vem nos traz importantes reflexões sobre nossa postura diante daquilo que fazemos e veramente acreditamos, nossos valores e nossa capacidade de mudar de opinião, crescer, valorizar outros aspectos da vida. Ninguém está livre de mudanças, e quando mais rígidos formos em nossas convicções, mais suscetíveis seremos a mudá-las.

Demitir pessoas, acabar com os sonhos e os planos alheios, afundar o dedo nas feridas mais profundas e gerar o desespero e angústia nas pessoas. Este é o trabalho de Ryan Bingham (George Clooney), um executivo de uma grande companhia de Recursos Humanos especializada em demissões e cortes de pessoal que é terceirizada por outras grandes empresas para fazer-lhes o “serviço sujo”. Ao longo de sua carreia, Ryan desenvolveu um profundo amor pelo que faz e pela sua vida de não ter um lar, paradeiro certo e de viver de aeroporto em aeroporto, viajando para onde existam pessoas a serem demitidas. Isso tudo o fez uma pessoa fria, calculista, sem muito apego e alguém profundamente orgulhoso de ser como é.

Logo no início do filme, que é narrado em primeira pessoa, o personagem se pergunta, imitando as inúmeras contestações que ouve dos demitidos, “quem sou eu”? A resposta é que ele é o demônio terceirizado que veio para espalhar o desespero. Percebe que no fundo não passa de um repetidor das clássicas mentiras de todo RH: “sua carreira está apenas começando”, “encare isso como mais um desafio”, “confio nas suas possibilidades”, quando a pessoa do outro lado só pensa nas dívidas da hipoteca da casa, na escola dos filhos e no fato de não ter mais de onde tirar dinheiro para sobreviver. É a automatização da demissão, a distancia e a deumanização.

Ryan e ALex (Vera Farmiga)
Numa de suas inúmeras viagens como palestrante e consultor, Ryan conhece uma mulher que “adora a falsa hospitalidade” dos locais em que se hospeda. Esta mulher é Alex Goran (Vera Farmiga), uma relação onde percebemos claramente a inversão de valores entre homem e mulher, mesmo sendo ambos executivos de grandes empresas. Eles têm em comum a praticidade da vida, a falta de valores humanos e os apegos excessivos a status, ao dinheiro. Ryan, por exemplo, possui a compulsão por colecionar milhas nas companhias aéreas, ele quer bater o record de 1 milhão de milhas sendo o indivíduo mais jovem a realizar a proeza. Seu único objetivo com isso é ter seu nome escrito em uma aeronave, ser imortal!.



Ryan segura imagem dos noivos para ser fotografada
Sua família, sempre muito distante, exige sua presença no casamento da irmã mais nova e vai além, pede que ele faça fotos da imagem dos noivos em vários pontos do país por onde ele passar, já que os noivos não poderão ter uma lua de mel descente, ao menos a imagem deles, de papelão, terá. Meio ao estilo do Anão de Jardim no filme “Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain” – ou simplesmente Amelie Poulain, Ryan, a contra gosto, acaba fazendo as fotos, contando para isso com a ajuda de Natalie Keener (Anna Kendrick), uma jovem promissora que entra para a empresa como sendo a solução de todos os problemas. Sua idéia é implantar um novo sistema de demitir pessoas, sendo que não seria mais necessário viajar até o cliente para demitir seus funcionários, se não, fazer isso por meio de vídeo conferência, sem contato real, próximo ou humano.


Natalie (Anna Kendrick) e Ryan (Clooney)
Transição! Toda mudança gera medo e insegurança, sendo esta etapa sempre muito difícil para qualquer pessoa. Ameaçado pela jovem (Geração Y), que parece querer roubar seu lugar na empresa e seu modo de vida, Ryan propõe que ela vá com ele nas suas viagens experimentar fazer aquilo que fazem tendo como desafio o olho no olho, testar o sangue frio da moça, o coração. Na verdade, ele quer continuar “apunhalando o peito e não as costas das pessoas demitidas”, ou seja, fazer isso pessoalmente. Ryan é o tipo do homem que afirma gostar de estereótipos porque assim ganha tempo nas filas dos aeroportos.

Quando Natalie diz que Ryan criou um casulo dentro da sua filosofia da “mochila vazia”, ele percebe que o maior vazio está dentro dele mesmo. Ele já não acredita nisso, ele já não é o mesmo. Também sua colega de trabalho não é mais a mesma, ela foi tocada pelo calor do ser humano, quando ela experimenta a prática, deixa de acreditar fielmente naquilo que ela diz, naquilo que ela mesma criou.


Ryan chega com seu cartão de milhas para mais uma viagem

A reviravolta do personagem está no convite que ele faz para Alex de acompanhá-lo ao casamento da irmã, ele não teve medo de mudar sua postura e seu comportamento diante daquilo que ele sempre afirmava. Entretanto, logo teve que lidar com a decepção e com a frustração de expectativa que criamos em cima das pessoas. Nesse momento do filme, a conquista de suas milhas já não tem a menor importância para ele. Talvez ainda tenha para a sua irmã, recém-casada. Ao final, Ryan tem sua vida de volta, até mesmo porque, a vida é a nossa melhor companhia.


FICHA:
título original: (Up in the Air)
lançamento: 2009 (EUA)
direção: Jason Reitman
atores: George Clooney, Vera Farmiga, Anna Kendrick, Jason Bateman.
duração: 109 min
gênero: Comédia Dramática








10 de novembro de 2010

O que é mais importante para você?

Por Aline Souza
@souzaline
@cinegestao



A insatisfação com a própria vida, a decepção com aqueles que estão próximos de nós, a apatia e falta de vontade de viver são sentimentos que muitos de nós já sofremos algum dia na vida. Há quem diga que por volta dos 30 anos todo ser humano tem o seu “divisor de águas”, onde aprende a olhar para trás, aprende com suas feridas e é obrigado a cicatrizá-las para seguir em frente, olhar adiante. Esta não deixa de ser uma boa teoria para explicar as angústias da vida. Quem nunca teve o ímpeto de abandonar tudo e seguir em outra direção? Estabilidade, status, emprego, casamento, dinheiro, tudo isso pode aprisionar uma pessoa dentro dela mesma, pode provocar a auto-sabotagem inútil, que nunca trará a felicidade almejada. Por outro lado, há pessoas que possuem a coragem de deixar tudo isso para trás quando percebe que nada faz sentido, quando percebe que a vida não tem mais sabor. Este é o caso da personagem de Julia Roberts em Comer Rezar Amar (2010), baseado na história real da escritora Elizabeth Gilbert.

O filme conta a história de Liz, uma autora de sucesso, que vive em Nova York, é casada e tem amigos, mas não tem nenhuma motivação para seguir em frente. Procura em novos relacionamentos passageiros, procura na família, mas não encontra em lugar algum. Até que um dia decide que vai passar um ano em viagem para lugares que jamais havia imaginado conhecer. Planeja-se. Segue primeiramente rumo à saborosa Itália, terra do bom garfo, onde é possível “perder” tempo tomando sorvete na praça, onde Liz abandona a culpa de comer, de se alimentar com satisfação, perde a vergonha de se lambuzar e de destinar tempo a não fazer nada, em respirar somente.

Durante o filme, outras histórias se entrelaçam à de Liz. “Na Itália, ela conhece um grupo que a adota, levando-a para restaurantes e até para casas de campo, onde passam o feriado de Ação de Graças. É na Itália que ela começa a aprender a relaxar e a alegria de não fazer nada – o famoso dolce far niente” (Pop&Arte-G1).

Em seguida chega à Índia. Ali aprende com muito esforço a se concentrar, a encontrar o fundo de seu EU, a se respeitar mais e descobre também que há pessoas que precisam fazer aquilo que sabem fazer, aquilo que sua essência permite que se faça. Percebe, principalmente, que o silêncio é um pedacinho do céu que desce até o ser humano.

“Na Índia, ela conhece Richard (Richard Jenkins), um texano que implica com o seu jeito, até que se torna seu amigo e uma espécie de mestre, mesmo com pouca relação com a religião” (Pop&Arte-G1).

Ao chegar à Indonésia para rever um guru que previu sua volta, ela tem a oportunidade de amar. Mas não os amores fugazes que havia tido, onde ela se anulava para se tornar o outro e viver a vida do outro, mas sim um amor que a pudesse instigar, criar mistérios e tranqüilidade. Quando Liz, já cansada de negar os comentários de que precisava arrumar um marido e já cansada de se indignar com a afirmação de que toda “mulher precisa de um homem”, ela se rende à paixão por Felipe (Javier Bardem). “Na Indonésia, ela reencontra o seu verdadeiro guru, que propõe que ela encontre o equilíbrio entre o prazer e a censura. Também em Bali, ela é apresentada para uma curandeira, que, junto com a sua filha, são responsáveis pelo momento mais emocionante do longa” (Pop&Arte-G1).

Ainda que o filme cometa certos pecados culturais, retratando os clichês e as caricaturas de alguns países, é inevitável a sensação de sair do cinema louco para pegar um avião e aterrissar em Roma. A impressão que temos é que a Índia é muito mais rígida do que imaginamos ser e que lá faz muito mais calor, já que Liz aparece menos “bonita” em sua passagem pelo país. Já em Bali, sua áurea volta à conexão com a beleza.

No dia a dia das empresas por muitas vezes nos vemos assim, desmotivados, cansados de tudo e de todos, com vontade de sair, fechar a porta e não olhar para trás. Mas é justamente nesse momento que precisamos parar tudo, repensar os rumos tomados e retroceder onde erramos para conseguir seguir em frente aprendendo com nossos erros. Não é fácil amadurecer, este é um processo doloroso na vida pessoal e profissional. Às vezes, por mais que tenhamos sucesso e sejamos bons profissionais, isso não faz de nossos comportamentos os melhores dentro de uma organização e para com outras pessoas.

Embora baseado em um livro de vivências, o filme está longe de ser uma auto-ajuda. Ele é capaz de nos fazer ver a importância das metas e objetivos traçados, a importância de cumpri-los, ainda que durante o percurso tenhamos problemas, contradições a serem vencidas e que seja necessário leveza e menos rigidez para cumprir com o caminho traçado. Comer Rezar Amar levanta o debate sobre a questão: o que é mais importante para ser feliz? Esta resposta o Cine Gestão deixa para vocês!

Acesse também o Site Oficial do filme


Casal de atores na Premier de Nova York

FICHA TÉCNICA

Diretor: Ryan Murphy
Elenco: Javier Bardem, Julia Roberts, James Franco, Billy Crudup, Richard Jenkins, Viola Davis, Tuva Novotny, Ali Khan, Lidia Biondi, Arlene Tur, Luca Argentero, James Schram
Produção: Dede Gardner, Brad Pitt
Roteiro: Ryan Murphy, Jennifer Salt
Fotografia: Robert Richardson
Trilha Sonora: Dario Marianelli
Duração: 133 min.
Ano: 2010
País: EUA
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Sony Pictures
Estúdio: Plan B Entertainment




Assista ao vídeo

13 de outubro de 2010

Antes da partida.. há muito por fazer.





Por Aline Souza

@souzaline
@cinegestao

Neste dia que marca o ano de 2010, com o resgate dos mineiros chilenos do coração da terra, o Cine Gestão nos traz duas lições de vida, uma na ficção e outra da vida real. Foram 70 dias em que os trabalhadores ficaram dentro de uma mina, onde viviam sob condições absurdamente adversas que os obrigaram a rever todos os seus valores e vaidades, tiveram que se submeter a novas condutas de sobrevivência em equipe e com a estratégia de estabelecer lideranças, inclusive espirituais para dar conta da pressão interna e psicológica, assim como a pressão física de estar a mais de 700 metros de profundidade. A importância de se ter um líder neste momento de risco para a vida humana é fundamental, é exemplo de superação. O indivíduo poderia se perder no caos, na total ausência de sentido, nos temores e preocupações. Uma maneira de pensar com perspectiva saudável, com uma possível saída é o papel da liderança. Não se perder em uma situação de trauma, dizer os passos a serem dados diante da escuridão, este é o papel da liderança. Certamente alguns pensaram o pior, temeram por suas vidas, se lembraram da família e talvez duvidaram se um dia voltaria a vê-los novamente, talvez se lembraram de tudo aquilo que ainda estava pendente e gostariam de concluir antes de morrer.

Todos nós temos muitas coisas para fazer e viver antes de partirmos desta para melhor. Em outras palavras, fazemos mil e uma promessas de lugares a visitar, pessoas a conhecer ou reaproximar, mas a verdade é que sempre estamos adiando e deixando para amanhã aquilo que prometemos agora, para esta semana, para o mês que vem, para o próximo ano. Somente em uma situação limite é que somos capazes de nos lembrar de todas as promessas feitas, quando vem à boca o gosto amargo do arrependimento, do remorso, das desculpas não pedidas, do “eu te amo” não dito ou até mesmo do aperto de mão não concedido.

Para abordar o tema polêmico temos a união de nada menos que dois dos melhores astros da atualidade de Hollywood: Jack Nicholson e Morgan Freeman nos papéis de Edward Cole e Carter Chambers, respectivamente. Ambos são doentes terminais de câncer, vivendo o pós-operatório de quimioterapia, de luta pela vida, de vômitos, dores e o que seria pior, ao menos para um deles: a convivência cotidiana dentro do quarto duplo do hospital. Esta convivência foi o primeiro desafio a ser superado por Edward, dono do hospital onde outrora havia implantado a política de quartos duplos sem jamais esperar ficar doente e ter que experimentar, ele mesmo, esta política. Enquanto um era muito rico, o outro, Carter, era um simples mecânico que havia trabalhado por 45 anos para sustentar os filhos, abdicando do sonho de se tornar um professor de história.

Unidos pela casualidade, pela coincidência ou pela força divina, em um dos momentos de diálogos dentro do quarto, Carter inicia uma pequena lista de coisas que gostaria de fazer, antes que seu tempo de vida, estimado em 6 meses ou um ano, acabe. O cético Edward, ao ver aquilo, fica curioso e resolve provocar o amigo, instigando a fazer coisas muito mais grandiosas do que aquela singela lista, afinal, só se vive uma única vez, então, porque não viver com estilo? Dinheiro não seria o problema!

Neste momento, surpreendendo a família e os médicos, ambos decidem sair em viagem pelo mundo para viveram a maior aventura de suas vidas, visitando locais que muitos sonham e outros nem sequer o fazem: Tajmahal, pirâmides do Egito, pular de pára-quedas, ajudar um completo estranho... Estes são alguns tópicos da lista, que ia crescendo à medida que um ou outro sentia a necessidade de incrementar a despedida do amigo como beijar uma linda mulher ou reaproximar-se daquele ente querido que não via há anos. O solitário Edward precisou olhar para dentro de si mesmo para descobrir o quanto sentia falta de sua filha, que há muito estava distante. A vida é mesmo feita de pequenas coisas! É preciso encontrar a alegria e é preciso se perguntar se cada um de nós proporcionou alegria a alguém.

O grupo de mineiros se manteve coeso, organizado, compartilhando alimentação e água, elementos essenciais de vida. O individualismo e a competitividade do mundo atual não imperaram neste grupo de seres humanos, que mostrou o melhor de nossa raça, o fortalecimento do grupo. Sob a competente direção de Rob Reiner, Nicholson e Freeman oferecem interpretações de corpo e alma nesta inspirada saudação à vida, que prova que o melhor momento para se viver ainda é o agora.



Informações Técnicas:



Título no Brasil: Antes de Partir


Título Original: The Bucket List


País de Origem: EUA


Gênero: Drama / Aventura


Classificação etária: 10 anos


Tempo de Duração: 97 minutos


Ano de Lançamento: 2007


Estréia no Brasil: 22/02/2008


Estúdio/Distrib.: Warner Home Video


Direção: Rob Reiner



Veja o trailer aqui:
 

4 de outubro de 2010

É melhor morrer como um bom homem ou viver como um monstro?




Por Aline Souza
@souzaline
@cinegestao


Um filme no mínimo contraditório para nossa proposta de abordagem no contexto corporativo, mas ao mesmo tempo intrigante e indispensável para um blog de cinema. Na verdade, o fato de ser um filme dirigido por Martin Scorsese faz toda a diferença. Ilha do Medo (Shutter Island) trás uma vertente diferente de Leonardo DiCaprio, que se mostra capaz de ir ao fundo como um real agente de polícia, investigador de uma alucinação psicótica.

Em 1954, o desaparecimento de um paciente no Shutter Island Ashecliffe Hospital, em Boston, faz com que dois agentes sigam em missão de investigação para a ilha, e uma vez lá percebam que os métodos medicinais são no mínimo ilegais para experiências radicais com os pacientes. Em meados da década de 1950, a presença da 2º Guerra Mundial é marcante e para um ex-combatente ainda mais, com suas lembranças andando lado a lado para onde quer que olhe. Não podemos nos esquecer também de que junto com o horror vinham os rumores de experiências nazistas com seres humanos que envolviam técnicas de lavagem cerebral, implantes de órgãos e as piores bizarrices científicas. Até hoje, em tempos pós-modernos, vemos o assunto gerar grandes polêmicas, já que os nazistas sobreviventes se espalharam pelo mundo todo e com eles suas idéias. Ilha do Medo toca nesse assunto de maneira a delatar sem punir, apresentar o tema sem solucionar a questão, e mais, a reviravolta final nos demonstra que toda a suspeita verossímil do agente Teddy Daniels na verdade não vai muito longe de sua própria mente, ainda que todas elas fossem plausíveis de existir.

Após uma terrível tempestade e de constatar que os médicos escondem os relatórios e as informações, Teddy está convencido que ele mesmo está sendo envenenado. O que nos fica desse impressionante filme, além da trilha sonora que nos arranca suspiros, é a obstinação pela verdade e a confiança que existe no interior do policial, que em sua investigação estão imbuídos os melhores e mais honestos valores. Também fica a reflexão de que no fundo o modo de gestão aplicado nos dias de hoje ainda muito se baseia na escola nazista de relatórios, vigilância e manipulação. O que devemos fazer dessas reflexões é aquilo que vamos fazer de nosso cotidiano dentro das empresas.



Ficha Técnica

título original: Shutter Island

gênero:Suspense

duração:02 hs 18 min

ano de lançamento:2010


estúdio:Paramount Pictures / Sikelia Productions / Phoenix Pictures / Hollywood Gang Productions / Appian Way

distribuidora:Paramount Pictures

direção: Martin Scorsese

roteiro:Laeta Kalogridis, baseado em livro de Dennis Lehane

produção:Brad Fischer, Mike Medavoy, Arnold Messer e Martin Scorsese

fotografia:Robert Richardson

direção de arte:Max Biscoe, Robert Guerra e Christian Ann Wilson

figurino:Sandy Powell

edição:Thelma Schoonmaker

efeitos especiais:New Deal Studios / CafeFX / Gentle Giant Studios / Mark Rapaport Creature Effects




Elenco:

Leonardo DiCaprio (Teddy Daniels)

Mark Ruffalo (Chuck Aule)

Ben Kingsley (Dr. John Crawley)

Emily Mortimer (Rachel Solando)

Michelle Williams (Dolores Chanal) FOTO

Max Von Sydow (Dr. Jeremiah Naehring)

Jackie Earle Haley (George Noyce)



Veja o Trailer:

8 de setembro de 2010

Quando a justiça é cega, não há como se calar até que ela lhe escute.




Por Aline Souza
@souzaline
@cinegestao

Antes de ser um filme que inspira os estudantes de advocacia, Jornada pela Justiça (The Wronged Man - 2010) é um filme que trata de determinação e coragem. A história é baseada na trajetória real de Janet Prissy Gregory (Julia Ormond), uma advogada que era viúva de três casamentos, lutava para sustentar seu filho pequeno sob valores de verdade, honra e persistência. O filme se inicia com 17 anos antes dos fatos principais. Naquele momento o marido de Prissy está prestes a ser condenado à morte e faz uma ligação telefônica para se despedir dela. É uma sensação de fracasso aquela em que o marido faz a última refeição e quando ela escuta sua voz pela última vez. Afinal, ela, sendo uma advogada criminalista, não consegue salvar o marido.

Janet toma conhecimento da história de Calvin Willis (Mahershalalhashbaz Ali), por meio de seu chefe e grande mentor com quem ela trabalha. O caso já é famoso, mas gera dúvidas quanto ao seu veredicto há anos. Após a morte do amigo de Janet, que estava convencido da inocência do acusado haja vista novas informações que à época não foram incluídas no processo; ela decide devolver o caso à família, que é pobre e não tem condições de manter um novo advogado. Janet se comove com as condições da avó do acusado, que também tem filhos e esposa. Ela encara então aquele desafio meio sem ter consciência dos seus reais motivos.

Mais tarde vamos saber que a história de Calvin, um afro-americano acusado de estupro de uma garotinha do bairro em que morava, na verdade faz menção ao abuso sofrido pela própria advogada. Ela precisa vencer o caso para vencer suas fobias, para conquistar sua cura. Surge então a obstinação para superar os limites humanos e jurídicos. Prissy demonstra fé, perseverança e crença na verdade acima de tudo.

Apesar de toda a determinação, Janet vê sua vida desmoronando, seu filho já não a respeita mais, seu novo casamento já não atinge a felicidade de outros tempos devido à doença terminal do marido e os pedidos de exame de DNA estão cada vez mais distantes de serem aceitos. Naquela época um pedido como este custava muito e ainda estava começando a aceitação judicial do exame como prova oficial.

Convencida de sua inocência, Janet leva o caso de Calvino a uma batalha dramática e tempestuosa de 22 anos com o sistema de justiça, que finalmente resgata um homem injustamente acusado e cimenta uma amizade de longa vida. A lição que nos fica é a de que ainda que nossas escolhas nos pareçam as mais erradas e descabidas, quando estamos em sintonia com nossos valores, com nossa fé e nossa conexão interior, o sucesso faz parte de nosso caminho. É assim também no ambiente do trabalho, quando tudo parece perdido e quando seus desafios parecem intransponíveis, a dedicação e perseverança é o caminho.

Elenco


Julia Ormond … Janet Gregory
Mahershalalhashbaz Ali … Calvin Willis
Lisa Arrindell Anderson … Michelle Willis
Bruce McKinnon … Randy Arthur
Omar J. Dorsey … Leroy Matthews
Rhoda Griffis … Tina
Tonea Stewart … Ms. Newton
Russell Durham Comegys … Wayne
Avis-Marie Barnes … Rhonda

Ficha Técnica


Título no Brasil: Jornada Pela Justiça
Título Original: The Wronged Man
País de Origem: EUA
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 88 minutos
Ano de Lançamento: 2010
Estúdio/Distrib.: Sony
Direção: Tom McLoughlin